Stephen Covey Fala Sobre Liderança

© 2006 Sharif Khan

 

"A nova era exige grandeza. Isto significa realização, execução apaixonada e contribuição significativa." - Stephen R. Covey, em "O 8º Hábito: da Eficácia à Grandeza".

Numa rara aparição pública em Toronto, no Mississauga Living Arts Centre, o autor do best-seller internacional "Os 7 Hábitos de Pessoas Altamente Eficazes" considerado o Livro de Negócios mais Influente do Século XX, e reconhecido mundialmente como autoridade em Liderança , o Dr. Stephen R. Covey falou do seu mais recente livro, "O 8º Hábito: Da Eficácia à Grandeza, para um auditório superlotado.


Por mais de quatro décadas ele tem ensinado sobre liderança. Esta lenda viva e ícone mundial, com sua silenciosa e graciosa energia, sintetizou um chamado à grandeza e obteve o respeito da platéia - parecia o desabafo de um avô sobre o potencial humano de muitas gerações.

Um herói para milhões de pessoas, o Dr. Covey é conhecido em todo mundo pelo seu marcante trabalho focado em levar as pessoas a aprofundar suas idéias, filosofias e princípios, tornando-os hábitos diários de fácil aplicação por qualquer um. Na sua isnpirada apresentação no Centro de Artes, ele presenteou-nos com idéias simples, contudo muito poderosas em termos de sabedoria. Eu as achei práticas e úteis. Por exemplo, se você quiser que seus filhos desenvolvam amor pelo estudo e nunca mais o atormentem por não fazerem o dever de casa e não melhorarem suas notas, simplesmente peça a elas, quando voltarem da escola, que lhe "Ensinem o que aprenderam hoje." Com este simples hábito, reivindica Covey, ele nunca teve problemas para encorajar seus filhos a que aprendessem, porque ensinar é o melhor modo para aprender.

Outra idéia preciosa sobre a qual ele falou foi o hábito de buscar entender antes de ser compreendido, utilizando-se a escuta com empatia. Para a platéia de mais de 800 pessoas, ele perguntou quantas pessoas tiveram qualquer treinamento formal para escutar; só 13 mãos foram levantadas, revelando como é egocêntrica (eu-eu-eu) a cultura em que nós vivemos. Então, Covey contou como tribos índígenas nativas usam a chamada Vara-falante. Ela é usada em todas as reuniões tribais. Enquanto uma pessoa a segura, ela é a única que tem a permissão de falar até que seja compreendida. Quando o portador da Vara-falante sente-se completamente compreendido, então, e só então, ela é passada para a próxima pessoa. Isto cria uma incrível compreensão e sinergia entre as pessoas do grupo. Toda empresa faria muito bem em ter uma Vara-falante!

Neste momento Covey foi para o ponto crucial da sua mensagem que é o 8º Hábito, de tornar-se uma ilha de excelência em um mar de mediocridade: encontrar a sua própria voz e ajudar os outros a acharem as suas. De acordo com ele, o principal problema é que as empresas ainda estão baseadas no velho paradigma da Era Industrial, embora creiam que estejamos bem na Era do Trabalhador do Conhecimento. O que é requerido é um novo paradigma, o qual ele chama de "paradigma do corpo inteiro". Significa integrar corpo, mente, coração e espírito. E ele compara respectivamente aos princípios da disciplina, visão, paixão e consciência. A Era Industrial era muito focada no corpo: coisas, sistemas, estruturas, procedimentos, eficiência, linha de fundo. Mas Covey estima que aproximadamente 80 por cento de todo o valor agregado a bens e serviços resultam agora do trabalho do conhecimento. Há vinte anos atrás este número era o inverso: só 20 por cento.

Assim a chave não é o comportamento - é o mapa. A chave é a precisão do mapa. Uma vez que o paradigma muda, o comportamento também mudará. Covey ilustrou este ponto claramente pedindo para que todos fechassem os seus olhos e se virassem em direção ao Norte. Quando deu a ordem para que abríssemos os olhos, notei que todos estavam apontando para direções diferentes! De uma forma semelhante, na maioria das organizações as pessoas apontam em direções diferentes; de acordo com recente pesquisa da Harris, Covey considera que somente 37 por cento dos trabalhadores dizem que compreendem claramente o quê a sua organização está tentando atingir e o por quê. Ninguém sabe onde está o verdadeiro "Norte". Não há nenhuma bússola moral, nenhuma consciência, nenhum espírito guia.

Parte da solução, de acordo com Covey, é ter uma meta transcendente, o que ele chama uma WIG ou Wildly Important Goal (Meta Freneticamente Importante) que serve um propósito maior. Somente quando esta meta é comunicada claramente a todo mundo numa organização, melhorias quânticas podem começar a acontecer no ambiente de trabalho.


A partir desse ponto transcrevo a minha entrevista com o Dr. Covey, revelando suas mais recentes perspicácias no seu livro "O 8º Hábito: da Eficácia à Grandeza".:

Que sacrifícios você fez para estar onde está hoje?

Eu trabalhei muito duro ao dedicar minha vida pessoal e profissional a um modo de viver centrado em princípios. Sou guiado por uma paixão e consciência ampliar a compreensão com base nos princípios e em como aplicá-los para alcançar a grandeza. Até este ponto, não há nenhum sacrifício - só um compromisso apaixonado, inexorável pelo meu trabalho, família, comunidade e igreja de fazer uma diferença duradoura.

Qual é, em sua opinião, o atributo mais importante de um líder e por quê?

Acredito que o atributo mais importante de um líder seja agir por princípios. Estar baseado em princípios universais e infinitos possibilita um alicerce e bússola para guiar toda decisão e toda ação. Baseei minha vida profissional em promover princípios e ensinar o poder que reside em liderança baseada em princípios. Eles não são invenção minha; eles são patentes e são encontrados ao redor do mundo. Se você olhar para todas as filosofias, religiões e pensamentos duradouros, achará princípios como integridade, compaixão, confiança, honestidade, responsabilidade e outros no seu núcleo. Eu simplesmente organizei estes princípios numa estrutura de hábitos, os quais quando seguidos com consistência e freqüência transformam o caráter da pessoa e permitem que ela conquiste a autoridade moral necessária para a liderança duradoura.

Eu também tenho que deixar clara a definição de liderança que é triste e limitadamente definida como posição, título, estado ou grau. Esta é autoridade formal não é necessariamente liderança. Depois de muitos anos de estudo, ensino e atuação com pessoas de todo o mundo, de experiências de vida diversas, defini liderança como: Comunicação às pessoas dos seus valores e potenciais de forma clara o suficiente para que eles possam reconhecê-los em si mesmos. É a influência que nós temos sobre os outros de ajudar-lhes a descobrir a sua própria voz, a achar o seu propósito pessoal, a fazer suas contribuições sem igual e a liberar o seu potencial. Assim define-se verdadeiramente liderança. Dessa forma, a liderança estende-se aos diversos papéis pessoais e profissionais que nós desempenhamos - como trabalhadores, pais, crianças, professores, estudantes, swamis ou o que você mais quiser - e a escolha que nós fazemos de viver baseados em princípios de ajudar os outros a acharem sua voz.

Em seu livro 8º Hábito o Sr. fala sobre achar a voz interior e a desenvolver o "significado pessoal único" de cada um. Como a pessoa começa a fazer isso?

Para alcançar as maiores alturas cada pessoa deve ser desafiada a encontrar a sua própria voz - significação pessoal e sentido de propósitos unicos - e ajudar os outros a acharem a sua própria. A voz liga-se ao talento, paixão, necessidade e consciência. Quando qualquer um se ocupa de trabalho coincidente com o seu talento e alimenta sua paixão, nisso está sua voz na vida. O 8º Hábito é, em suma, como encontrar a sua voz e ajudar os outros a acharem as suas.

Que líder o Sr. realmente admira e por quê?

Um líder atual que me recordo é Muhammad Yunus, fundador do Grameen Bank. A história dele é uma que ilustra o caminho n adireção de encontrar a própria voz e ajudar os outros a acharem também. Muhammad viu uma necessidade, sentiu a sua consciência movê-lo a tentar e a satisfazer aquela necessidade e a aplicar seus talentos e paixão com esse propósito. No processo, ele encontrou sua voz e ajudou outros a acharem as suas.

Muhammad quis ajudar os seus concidadãos empobrecidos em Bangladesh. Ele conheceu uma mulher que fazia tamboretes de bambu diariamente para ganhar um total de dois centavos de dólar. Ele perguntou a respeito do seu trabalho e descobriu que a mulher não tinha nenhum dinheiro para comprar o bambu necessário. Assim ela foi forçada a pedir emprestado dinheiro a um comerciante. A condição do empréstimo era que ela lhe venderia o produto acabado a um preço ditado por ele. Esta mulher pobre em essência foi transformada em refém por este comerciante.

Esta mulher não estava só, havia uma aldeia inteira de 42 pessoas de trabalhando duramente em circunstâncias insuportáveis. Muhammad calculou que só seriam necessários $27 dólares norte-americanos para ajudá-los. Ele deu o dinheiro imediatamente às pessoas e disse-lhes que era um empréstimo a ser pago assim que eles fossem capazes.

Muhammad até mesmo foi ao banco local pedir que emprestassem dinheiro adicional para esses aldeões e ofereceu-se como fiador. Além do ceticismo e para surpresa dos banqueiros, os aldeões reembolsaram cada centavo em vários empréstimos sucessivos.

Muhammad ampliou este programa de empréstimo criando a sua própria instituição de microcrédito chamada de Grameen Bank, assim ele poderia ajudar outras numerosas aldeias.

O Grameen Bank trabalha atualmente com mais de 46,000 aldeias dando micro-empréstimos, girando aproximadamente meio bilhão de dólares por ano, possibilitando os pobres (96% dos quais mulheres) fabricar e vender seus produtos e a construir sua habitações. Desde seu início o banco ajudou 3.7 milhões de pessoas. O movimento de micro-crédito atualmente existe no mundo todo.

Que conselho o Sr. daria para os juvens que se tornarão os líderes de amanhã?

Em meu livro 8º Hábito eu compartilho a idéia de que todo o mundo escolhe uma de duas estradas na vida, se você é mais velho ou mais jovem, homem ou mulher, rico ou pobre. O estrada mais utilizada é a que leva-nos à mediocridade. A outra estrada menos viajada leva-nos a grandeza e ao significado. A primeira estrada nos limita e nos impede de realizar nosso potencial total. Esta estrada é freqüentemente oferece menos dificuldade ou representa um atalho na vida. Ela nos atrai freqüentemente para si quando nós não levarmos em conta a responsabilidade em relação a nós mesmos ou nos vemos como vítimas. Meu conselho para a mocidade é evitar a estrada da mediocridade. Provavelmente é duro para eles ver no longo prazo. Mas se eles tentarem ver-se como seres humanos com vasto potencial e perceberem que, além da própria vida, o seu maior presente é poder escolher. Eles podem escolher as suas respostas para tudo na vida e assumir a responsabilidade pelas sua escolhas. Os seus comportamentos, os seus sentimentos e escolher criar o seu prórpio futuro.

Meu filho, Sean, escreveu "Os 7 Hábitos dos Adolescências Altamente Eficazes" para ajudar [pessoas jovens] a se tornarem o que eles têm de melhor. Ele fala maravilhosamente com os jovens (muito melhor do que eu), e eu recomendo o seu livro a qualquer um que quiser começar a desenvolver bons hábitos numa idade jovem.

 

Sharif Khan (site: www.herosoul.com; email: [email protected]) é um escritor independente, orador motivacional, coach e autor de Psychology of the Hero Soul (Psicologia da Alma do Herói) um livro que inspira o despertar do herói interior e o desenvolvimento do potencial de liderança das pessoas.
© 2006 Adolfo Breder ([email protected]) versão do texto original em inglês:
"Stephen Covey on Leadership"

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