CONCURSO 2006:

Quem Mexeu na Minha Melancia?

© 2006 Sandra Braconnot
(Rio de Janeiro - RJ)

UMA MELANCIA Como recurso para Gestão de Pessoas.

Da família das Cucurbitáceas, irmã da abóbora e prima do pepino, ela nasceu espontaneamente naquele canteiro lateral e ali começou a crescer meio escondida entre suas folhas, despertando atenção e carinho dos funcionários, apesar de não ser nenhuma beldade, não ter perfume e nem colorido especial. Suas flores - pequenas e amarelas - já haviam caído e cedido o lugar ao fruto, mas mesmo assim, encantava todos que a conheciam e acompanhavam, com entusiasmo, o seu desenvolvimento que prenunciava um gostoso futuro. E ela – a melancia – assim meio sem querer – acabou transformando-se em uma Melancia-mascote. Só que numa terça-feira de janeiro, ela – a Melancia-mascote, sumiu misteriosamente, deixando um enorme vazio no canteiro e no coração de muitos funcionários, que passaram a se perguntar num misto de tristeza, raiva e espanto: “Quem? Por quê? Por que levaram a nossa Melancia-mascote?”.


A Cucúrbita Citrullus, popularmente conhecida como melancia, começou a ser cultivada há cinco mil anos, na África Central. Na Índia suas sementes são transformadas em farinha utilizada na produção de pães. No Brasil, era a sobremesa predileta de D. João VI, que a considerava a fruta mais saborosa entre todas outras. Atualmente, a melancia está entre as dez hortaliças mais vendidas no mercado nacional.

Mas... Informações culturais à parte, duas perguntas não queriam calar naquela empresa: “Quem havia levado a Melancia-mascote? E por quê?” “Para comer?” - questionavam alguns, já que fazia muito calor e a melancia é uma das frutas mais refrescantes da natureza? Pode até ser... – admitiam – mas, – ponderavam outros – “a nossa Melancia-mascote ainda estava verde e ainda era tão pequena!”. Só que essa fruta se consumida do tempo certo provoca cólicas e disenteria. (Será vingança da natureza?)

Talvez seja impossível descobrir quem “colheu” – e por quê – a Melancia-mascote daquela indústria. E em quê ter um “culpado” beneficiaria a empresa e seus funcionários? O que pode – e deve – ser feito agora? (já que o leite derramou e a melancia foi colhida) é aplicar os ensinamentos do grande filósofo grego Sócrates, que afirmava ser mais importante saber perguntar do que encontrar velhas respostas. A maiêutica socrática parte da premissa que, para que se possa chegar à solução efetiva e eficaz de um problema, é preciso saber fazer perguntas. E, desta forma, aprender alguma lição com o que está acontecendo ou aconteceu, pois, quando se tem um coração aprendiz, tudo coopera para o bem, para o crescimento interior.

No sumiço da Melancia-mascote podemos, por exemplo, substituir a pergunta “quem foi?” por outras como: “o que pode levar uma pessoa a destruir, com suas próprias mãos, o trabalho de outras?; ou” que prazer alguém pode sentir em provocar a tristeza nos outros?; ou “o que se pode esperar de um ser humano que não respeita outros seres humanos? ou ainda: “o que nós podemos fazer para transformar esse ser humano em “um mano”?

Não, decididamente não importa saber quem foi o responsável pelo sumiço da Melancia-mascote. De nada vai adiantar descobrir um nome. O que realmente poderá fazer grande diferença naquela empresa – e na vida de cada um de nós - será se aproveitarmos esse fato, para refletir sobre o nosso próprio comportamento e perceber que nós também arrancamos – inconsciente ou conscientemente - “melancias” em casa, no trabalho, nas relações e na vida, quando tentamos impedir alguém de sonhar; quando achamos que podemos prejudicar alguém sem prejudicar a nós mesmos; quando não queremos ajudar e ainda atrapalhamos; quando não compreendemos que todos nós – todos – somos importantes nesta grande teia terrena e temos a ilusão de que somos mais importantes ou melhores do que outros; quando não respeitamos o sentimento, o pensamento, o trabalho, a opinião dos outros;quando precisamos caminhar juntos, mas decidimos andar rápido demais, atrasar, pegar atalhos, parar ou voltar e, principalmente, quando esquecemos que o Criador tinha um propósito ao fazer brotar “a “melancia”.

Cooperação, respeito, solidariedade, trabalho em equipe, amor ao próximo podem estar plantados ao lado das “melancias” e correm o perigo de serem arrancados juntos. Que “O sumiço da Cucúrbita Citrullus – mais conhecida como melancia” possa servir para que cada um de nós possa aproveitar e refletir sobre o que precisa ser semeado, adubado, replantado ou arrancado. URGENTE!



 

Sandra Braconnot ([email protected]) é jornalista, palestrante e instrutora é a criadora do Projeto Flor&Ser e do programa Flor/Ação.
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