CONCURSO 2006:

O "velho" trabalhador se torna jovem
© 2006 Maria Bernadete Pupo
(Osasco -SP)


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acaba de comprovar o que alguns especialistas já começavam a detectar: os trabalhadores mais velhos voltam a ocupar um espaço importante no mercado de trabalho.

Levantamento recente do IBGE aponta que o grupo de pessoas com 50 anos ou mais foi o que mais aumentou em participação no mundo profissional, de 15,4% para 18,1% entre 2002 e 2006. A maioria deles trabalha por conta própria.


Em geral, estamos falando de trabalhadores experientes e maduros, muitos dos quais fizeram carreira em grandes corporações e que, com o aumento da expectativa de vida, conseguem se manter ativos e dispostos. Ou seja, são pessoas com extenso conhecimento de mercado e grande capacidade de empreendedorismo. Podem ter se aposentado ou saído de um emprego em cortes ou programas de demissão voluntária, mas ainda encontraram espaço para trabalhar como professores, consultores, prestadores de serviços ou desenvolvedores de negócios próprios, em pequenas empresas do setor de serviços ou franquias, por exemplo.

Além disto, o preconceito das empresas em relação aos profissionais mais velhos começa a mudar, ainda que timidamente. Especialistas em recrutamento confirmam que, para ajustar-se ao (iniciante) período de crescimento brasileiro, as companhias voltaram a procurar trabalhadores mais experientes, aptos a assumirem postos que, em outras ocasiões, exigiriam treinamento prévio para pessoas mais jovens.
Afinal, a maturidade traz diferenciais. Para o setor de serviços, por exemplo, entre as competências profissionais que se aperfeiçoam com a idade estão a flexibilidade para se relacionar com pessoas e para negociar. A carreira acadêmica também é um caminho para os profissionais com experiências. Nesse caso, ensinam os consultores de recursos humanos, vale investir num curso de mestrado.

O fenômeno detectado pela pesquisa do IBGE reforça os novos rumos do mercado corporativo nos anos 2000, que apontam para o fim do emprego formal, mas não para o fim do trabalho. A empregabilidade muda de conceito, tornando-se a capacidade em obter função e remuneração que independem de vínculos empregatícios.

Nesse cenário, o trabalhador com mais de 40, 50 ou 60 anos continuará a ter seu espaço desde que adote comportamentos e ações flexíveis, preterindo os símbolos tradicionais, apresentando propósitos claros, estilos e métodos pessoais ajustados às práticas exigidas pelo mercado. Convém que acompanhe a tecnologia e os avanços da informática e que esteja sempre aberto a mudanças, sem deixar de lado seu aguçado senso de responsabilidade.

Assim sendo, está lançado o desafio aos profissionais mais experientes. Que esses quebrem o paradigma de profissionais do século passado; que apostem mais em suas habilidades; que acreditem mais em seus potenciais e que continuem a investir em sua bagagem cultural e profissional. Com certeza, tais práticas reforçarão a idéia de conhecimento como sinônimo de valor; não o atrelando necessariamente à idade e tampouco a um inexistente prazo de validade.

 
Maria Bernadete Pupo (www.gestaoderh.com) é consultora e Gerente de Recursos Humanos no Centro Universitário UNIFIEO e autora do livro “Empregabilidade acima dos 40 anos” pela Editora Expressão e Arte, SP.
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