Penetrando na Incerteza
- Boas-vindas à Adversidade!

© 2004 Jim McCormick

 

Todos nós ocasionalmente questionamos nossas habilidades. A incerteza nos domina. É mais intensa quando a habilidade que estamos questionando relaciona-se a algo que nunca tentamos antes ou não tivemos sucesso no passado.

Estas recaídas são comuns, mas nós raramente damos boas-vindas a elas. Somos inclinados a responder negativamente à adversidade. Pode estar na hora de pararmos para analisar essas reações reflexivas.

Recentemente tive uma experiência que me fez reconsiderar se são sempre justificada as respostas negativas à adversidade quando sou confrontado com uma situação ameaçadora.

Era uma manhã de um sábado de clima ameno e agradável. Eu estava no meio de meu primeiro salto do dia. Meu 2.123º salto desde que adotei o paraquedismo como minha atividade desportiva há quinze anos atrás.
Depois de aproximadamente um minuto de queda livre e 5.000 pés acima do chão, distanciei-me o bastante dos meus colegas de salto para abrir meu pára-quedas com segurança. Iniciei a abertura por volta dos 3.000 pés de altura.
Meu pára-quedas abriu com alguns embaraços nas linhas do pára-quedas que me sustentavam. Não é isto que é incomum. Naquele momento o que era diferente era que eu não estava conseguindo desfazer as torções.

As linhas embaraçadas fizeram meu pára-quedas assumir uma forma assimétrica. A copa de nylon encheu-se de ar de forma desequilibrada o que levou o paraquedas a girar. O problema aconteceu quando o giro tornou-se rápido à medida que ia mergulhando em espiral. Eu estava girando completos 360 graus por segundo, para baixo. Este era o problema.

Observei a copa do para-quedas para avaliar a situação e vi algo que não vejo freqüentemente - o horizonte completamente visível SOBRE a extremidade de meu para-quedas. Isto significava que eu e meu equipamento estávamos no mesmo plano horizontal. Estavamos rolando vigorosamente em direção à mãe Terra.

Minha primeira necessidade era reconhecer que eu não ia poder resolver este problema. Isto não é tão fácil quanto parece. Tendo completado mais de 2,100 saltos com sucesso, sem ter que recorrer ao meu pára-quedas reserva, era duro acreditar que eu realmente tinha me deparado com um problema que não podia resolver. Naturalmente cheguei a achar que poderia resolver este problema do mesmo modo como fiz de outras vezes no passado.

Parece-lhe familiar?
Sempre é fácil chegar a esta conclusão quando se é confrontado com um problema. Até que nós reconhecemos o problema e admitimos nossa possível inabilidade para resolvê-lo ou de usar os métodos do passado. Nós não temos uma chance de fazer as coisas de melhor modo.

Felizmente, a emergência desta situação fez minha natureza cabeçuda render muito mais rápido do que o habitual. Aquela decisão levou provavelmente um segundo ou dois.

O próximo passo, tendo aceitado a necessidade de seguir um curso diferente do passado, era determinar o novo curso. Felizmente quinze anos de treinamento e prática diária fizeram diferença.

Olhei diretamente abaixo para as duas fivelas nas laterais do meu tórax - uma para me liberar do equipamento defeituoso e outra para desdobrar meu pára-quedas de reserva - e percebi que precisava pegá-las imediatamente. Lembrei-me de quando as observei pela primeira vez, durante o meu primeiro curso de salto, em 1988. Agora, girando rapidamente, eu estava voltando para o chão e meus dedos do pé eram visíveis no horizonte. Isto não era bom!

Rapidamente eu me aproximava do pasto cheio de cavalos abaixo de mim e a força centrífuga que eu estava começando a experimentar, estava tornando impossível tomar em minhas mãos as duas fivelas. Finalmente com as fivelas nas minhas mãos, confrontei-me com outra urgente questão: "Qual deve ser usada primeiro." A ordem invertida poderia fazer meu pára-quedas de reserva embaralhar-se no meu pára-quedas principal o que resultaria num problema incurável.

Felizmente, o duro treinamento assumiu uma vez mais o controle da situação e acionei as fivelas na ordem certa. Primeiro a da direita que me libertou do pára-quedas principal; depois a do lado esquerdo para desdobrar meu pára-quedas de reserva.

Foi uma experiência maravilhosa. O pára-quedas preto, verde-azul e magenta foi substituídos por outro reserva amarelo luminoso e nunca antes usado. Uma visão adorável! E tudo isso a 1.700 pés de altura - com bastante tempo de sobra para curtir o salto.

Há muitos anos atrás, li um livro sobre os desafios e responsabilidades dos agentes de serviços secretos. Um dos aspectos tristes daquela profissão é que muitos deles aposentam-se sem nunca terem a chance na carreira de testar os seus anos de treinamento frente a uma severa ameaça. Eles nunca vão saber - com certeza - como reagiriam ao enfrentar um desafio supremo que a sua carreira tende a oferecer. Por isto, são os agentes que enfrentaram tais desafios são muito admirados dentro da cultura do Serviço.

Naquela manhã de sábado, eu tive o privilégio de enfrentar um semelhante desafio ameaçador da minha integridade física e - agora percebo - definidor da minha vida. Eu enfrentei o que os agentes de serviços secretos chamam de "o dragão".
Para todos nós o maior dragão não é a ameaça externa, a bala de um assassino, a terra se aproximando rápida e irreconciliável ou outro desafio. O real dragão é a dúvida interior que nós carregamos conosco.

Por poucos e esplêndidos momentos depois de pousar com segurança, eu pude pôr meu pé firmemente no pescoço do dragão... e me senti grande.
Lembre-se disto da próxima vez que você for confrontado com uma adversidade. No lado oculto das experiências apresenta-se a adversidade, um presente valoroso - uma renovada confiança e certeza.
 

Jim McCormick
utiliza sua formação em engenharia, MBA e experiência como C.O.O. de uma empresa de design internacional firme para ajudar organizações a melhorar seu desempenho. Ele é co-autor do livro Motivational Selling, editor de 365 Daily Doses of Courage (365 Doses Diárias de Coragem) e autor do livro Seize Opportunity - A Practical Guide to Taking Advantage of Opportunities. Jim também é recordista mundial de paraquedismo por três vezes e foi membro de uma expedição internacional que saltou de pára-quedas sobre o Pólo Norte. Mais informações estão disponíveis em www.TakeRisks.com

© 2007 Adolfo Breder
([email protected]) da versão do texto original em inglês:
"Breaking Through Uncertainty - Welcoming Adversity"

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