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Bee Movie e seus ensinamentos sobre empreendedorismo
© 2008 Maria Bernadete Pupo
Barry, recém-formado por faculdade, quer muito mais da vida do que a inevitável carreira que espera por ele e por todas as outras abelhas da Colméia. Inconformado em dar continuidade à vida no mesmo local onde nascera, crescera, estudara e onde teria que trabalhar até o fim dos seus dias, espelhou sua carreira nos “Ases do Pólen”, que funcionavam com espécie de Força aérea das abelhas. Essas utilizavam roupas e equipamentos especiais, que as distinguiam das outras e com esse diferencial é que podiam visitar o mundo, fora da colméia. Barry descobriu, em seu próprio habitat, que podia quebrar paradigmas até então incutidos no modo de vida daquela comunidade. Eis um belo exemplo de que muitas vezes não precisamos fazer viagem alguma ao espaço sideral para descobrir o que já está dentro de nós ou ao nosso lado. Muitas vezes basta mudar o modo de ver e de encarar as coisas.


Mesmo sabendo que as adversidades eram muitas, e dos perigos que corriam em busca do precioso pólen, base de toda a produção do mel, Barry tinha a certeza do que realmente queria, e enfrentava numa boa ao seu amigo e aos pais. É que esses tentavam, a todo momento, convencê-lo de que a colméia era o destino de todos (emprego fixo, previsível), insistindo e enfatizando o risco que Barry correria, se utilizasse exemplos ameaçadores a sua vida, dizendo que os poucos que se aventuraram acabaram não voltando (exemplos rotineiros no nosso dia-a-dia, seja já acontecido com alguém, ou reflexo de nossa própria insegurança em arriscar). Mesmo assim, Barry não aceitava a idéia de que esse seria o seu ideal de emprego e de felicidade. Assim, quando se deparou com a fila do emprego fixo, decidiu tomar coragem e fugir aventurando-se no grupo dos “Ases do Polen”. Por sorte, caiu na simpatia de alguns, e é aprovado como se fosse um trainee. E como é exatamente a prática que nos faz crescer, sua verdadeira viagem, rumo ao que sempre quis, começou naquele momento.

Em meio às maravilhas de novas descobertas de um mundo inteiramente desconhecido, ele vive momentos de aventuras e também de estresse, de aflição; de medo e de outras grandes emoções (assim como aqueles que se aventuram no mundo do empreendedorismo não previsível e sem rotina). Contornando as aflições e perdendo-se do bando, Barry conheceu a florista Vanessa, conseguindo quebrar uma das principais regras da abelha que era a de nunca falar com os humanos; nasce, então, entre eles forte laço afetivo. Ambos tornam-se amigos, e Barry, a partir daí, conhece bem mais os humanos. Esse fato nos mostra que quebrar regras, muitas vezes, ajuda-nos a descobrir novos horizontes, pois a mensagem desta cena é a de esclarecer o quanto somos manipulados pelas imposições da sociedade e quanta barreira se cria em relação ao jovem e a sua carreira profissional, tornando-a geralmente simplista e limitada em relação ao futuro.

Da convivência com os humanos, Barry conhece novidades que ocorrem em outro mundo, e fica revoltado ao ver que seus amigos, depois de tanto trabalho para produzir o mel, consentem que ele seja vendido tão banalmente nos supermercados. Daí decide sair à luta e resolve processar a humanidade e aqueles que exploram abelhas em fazendas.

Esta cena nos revela que, conforme vamos desbravando nossa competência e nossas potencialidades, vamos redescobrindo nossas forças e conhecendo nossas fraquezas; vamos redirecionando nossos caminhos em que o mais importante é a transformação do simplesmente “viver para produzir”, para o “viver para produzir com sabor”.

É a partir daí que um novo desafio toma conta de Barry. Com sua inequívoca perseverança de empreendedor, faz com que as abelhas vençam a disputa e fiquem com todo o mel . Elas percebem que não devem parar de trabalhar e conseguem salvar o pólen da última flor da terra, salvando também do extermínio as demais flores. Com essa ação, Barry acaba se tornando um advogado de sucesso. Com isso se aprende que mais importante do que conseguir carreira de sucesso, é o sentido que damos à nossa vida, é a predisposição em arrojar, em empreender; em descobrir aquilo que nos dá prazer, mesmo que no meio do caminho tenhamos que mudar o rumo da nossa vida ou carreira, porque o mais importante é gostar daquilo que se faz, e acima de tudo, fazer a diferença naquilo que se propõe e trazer contribuição efetiva ao mundo dos negócios, do qual se faz parte integrante.


 

Maria Bernadete Pupo ([email protected]) é consultora e gerente de RH do Centro Universitário FIEO e professora universitária da FAC-FITO, ambas em Osasco (SP), e autora do livro “Empregabilidade acima dos 40 anos” (Editora Expressão & Arte).