script type="text/javascript"> var _gaq = _gaq || []; _gaq.push(['_setAccount', 'UA-2402729-1']); _gaq.push(['_trackPageview']); (function() { var ga = document.createElement('script'); ga.type = 'text/javascript'; ga.async = true; ga.src = ('https:' == document.location.protocol ? 'https://ssl' : 'http://www') + '.google-analytics.com/ga.js'; var s = document.getElementsByTagName('script')[0]; s.parentNode.insertBefore(ga, s); })();
A Crise no Nosso Mundo Humano, Profissional
e Familiar
© 2009 José Renato de Miranda
 

Não estamos num mundo de mudanças, e sim, de inédita transformação; não estamos num momento de crise, e sim, em fase de novíssima realidade vivida pelo ser humano nos quatro cantos do planeta.
Exagero? Leia, confira, quem sabe chegaremos à mesma conclusão?


Na raiz, a crise não é o que todos acompanham e a maioria concorda. Excesso de crédito e estouros no setor financeiro são conseqüências. A crise começa entre as décadas de 80 e 90 com a definição da Era Digital. Foi quando a sociedade passou, terminantemente, a conviver com uma tecnologia de alta velocidade em descobertas, implantação e infiltração no dia-a-dia das pessoas em quaisquer circunstâncias: individual, coletiva, existencial, familiar, empresarial e profissional. As invenções, as novidades em série e suas utilidades práticas começaram a gerar interferências diretas, intensas e incisivas no ambiente humano.

A Era Digital não representa apenas “outro período de mudanças da nossa história”; é uma brutal guinada social-humana em proporções extraordinárias. Alterações comportamentais que amadureciam durante várias gerações, ocorrem em uma; avanços pesquisados, estudados, preparados e produzidos no decorrer de décadas, acontecem em meses.

Quem tenta comparar a Era Digital com a Revolução Industrial deve aprofundar a reflexão para falar com sensatez e sabedoria. A partir de 1800, o sistema fabril e os seus efeitos se processaram por etapas até a penetração e a completa absorção pela sociedade; depois continuou a evoluir de forma gradual mundo afora. Leo Huberman, no clássico A história da riqueza do homem, faz narrativa didática a respeito desta fase econômica e social, que foi longa.

Hoje, crise global instalada, aparece outra comparação para se desenhar o cenário, buscar motivos, justificativas: Grande Depressão de 1929. Período igualmente crítico, negro, porém, sem o agravante da presença de gulosas máquinas que devorassem largas fatias de funções humanas e profissionais. Naquele ano, média de 24 horas, saía um automóvel da linha de montagem da fábrica Henry Ford, em Detroit. Ocorre que, a exemplo do filme Tempos modernos, de Charles Chaplin, havia seqüências de pessoas numa produção industrial. Cada automóvel era fabricado por cadeia de fornecedores (vidro, borracha, plástico, aço...), também com elevadíssima quantidade de pessoas em atividade por setores. Hoje, o automóvel continua a somar milhares de itens e centenas de fornecedores, mas tais seqüências são entremeadas por robôs e similares da montagem à distribuição.

Tanto na Era Industrial como na Grande Depressão, populações de todos os países eram menores, ainda possuíam enormes necessidades de obras de infraestrutura urbana-rural, de produtos e serviços para casa-trabalho-lazer, necessidades estas que se desdobravam num oceano de oportunidades e cardumes de empregos (Comentário no fim deste ensaio).

A Era Digital é cria robusta da Industrial, sucessora de grau superior; é caracterizada pelo encadeamento invenção-produção-distribuição-mídia-consumo-novas tendências-hábitos em tempo impossível de ser calculado ou acompanhado. A sociedade virou vítima dos seus contos de ficção: pela 1ª vez a máquina ultrapassa a condição de o homem ter domínio sobre o que ele próprio inventa. A transformação prolifera em rapidez de fibra ótica.

Esta tecnologia é capaz de executar tarefas, dar resultados em espaço-tempo cada vez mais ligeiros, até instantâneos, com reduzidíssima ou nenhuma participação do trabalhador. Assim, na entrada de velozes soluções que motivam a eliminação das funções humanas, germina a semente da crise.

Em específico no campo empresarial, num primeiro momento, a potência da tecnologia digital ficou restrita aos grandes grupos econômicos - o mundo nas mãos de poucos. Categoricamente, de vez, deu-lhes os recursos para que pudessem articular e dirigir os negócios à distância através da máxima eficiência do trio informação-logística-transporte. As transações e decisões num tempo real, produtos colocados no mercado mundial de forma sistematizada, em semanas ou dias.

As corporações assumiram o mando global dos focos de consumo e dos desejos das respectivas populações. Em 1995, em prazo de sete dias, atracava container da China com camisas a preços quatro vezes menores dos que os nacionais. Em 2002, na Feira de Petróleo e Gás, empresário trocou idéias no estande da Secretaria de Indústria e Comércio de Macaé sobre investimento na região. Foi ao próprio estande, após reunião via internet com a matriz em Londres, em menos de sessenta minutos voltou com as deliberações executivas e operacionais.
Porém, num segundo momento, o mundo ficou nas mãos de todos pelos meios para se chegar à poderosa tecnologia e usá-la na plenitude: acesso generalizado aos equipamentos e produtos em preços, financiamentos, fornecedores, ou seja, empresas de todos os portes passaram a ter acesso para aquisição-recebimento-instalação-aprendizado técnico-vendas-distribuição.

Demasiada facilidade para pesquisar, comprar, dominar a exuberante tecnologia e comercializar o que for produzido; espaços físicos de baixo custo para fixá-la e tocar o trabalho. Caiu a obrigação de centenas de metros quadrados para montagem de padarias, jornais, gráficas, bancos e confecções. Vê-se padarias nas lojinhas de rodoviárias, bancos em formato cabine, gráficas nos corredores de shoppings, confecções e jornais em salas comerciais. E por aí, numerosos segmentos.

O mundo ficou empresarial, profissional e coletivamente aberto, nasceu a democracia digital. Sem mentores ou discursos ideológicos, é indiscutível, visível, a escancarada possibilidade para a competição. Ilimitadamente, empresas e profissionais de todos os ramos, formais ou informais, bem qualificados ou não, passaram a ter acesso a esta super-eficiente tecnologia, da aquisição ao uso. Daí, o que se assiste é uma batalha campal: pequenas e médias empresas invadem espaços das grandes, que invadem espaços das pequenas e médias; enquanto pequenos e médios exportam, as grandes conquistam bairros e cidades do interior.

Quatro alavancas da luta diária pelos consumidores com surpreendentes novidades: internet, informalidade, ambulante e shopping. A força comercial da internet dispensa comentários; na informalidade estão 65% dos brasileiros; o ambulante (pirataria) permanecerá bombardeado, mas não vai ser extinto por causa da compactação, custo e portabilidade tecnológica; os shoppings continuarão a crescer pelo aprazível conjunto lazer, conforto, segurança, praticidade e opções para compras.

Uma das evidentes repercussões do maremoto causado pela Era Digital está no desespero das corporações. Gigantes fazem assíduas mexidas, mudam rumos sem amadurecido planejamento, cometem erros grosseiros. Estratégias equivocadas (multinacional fabrica máquinas digitais que lhe tiram a maior receita: filmes e química para laboratórios) ou infundadas (lançamento de veículos 2010 em fevereiro de 2009, e lá se vai um dos óbvios argumentos para venda de carro no ano seguinte). Greg Brown, Executivo-Chefe da Motorola, disse que a sua empresa perdeu receita, “porque não percebemos com suficiente rapidez como os celulares evoluíam de simples aparelhos de ligações telefônicas para máquinas refinadas de navegação na internet e envio de e.mails”. Incompetente? Desinformado? Não, ilustre vítima da velocidade.

Aos tropeços, corporações avançam não só pela capacidade para idealizar produtos, serviços e antecipar tendências mas, principalmente, pelas fusões, aquisições e tentativas de cartéis em cima dos concorrentes que morderam significativos porcentuais de consumidores. Outras atitudes no clima do desespero: voaram para negócios antes desprezados; passaram a fazer carinho nas classes C, D, E; idealizaram modelitos express-plantão-quiosque para atração de públicos das pequenas e médias; voltaram-se ferozmente para o rendimento financeiro, o ganho do dinheiro em cima do dinheiro, especularam e explodiram. Corporações estão à deriva...
Concorrentes menores contra-atacam com os seus preços baixos, maior agilidade, produtos e serviços que atendem expectativas, que resolvem mesmo sem a sofisticação das famosas marcas. Nem todo barato sai caro, haja vista ascensão anual de marcas próprias e cia. Pesquisa Nielsen de abril informa: consumidor das 11 maiores economias do mundo, inclusive Brasil, diminui gastos e migra para produtos baratos.

A batalha vira feira livre de vale-tudo: farmácia vende biscoito, supermercado vende pneu, banca de jornais vende carga para celular, correios com raspadinhas, posto com loja de – todas – conveniências... internet, tevês e call-centers são feiras domésticas, regionais, nacionais e internacionais 24 horas!

E onde estão os gurus com as sábias previsões? Aqueles encebados acadêmicos, perfumados executivos, precisos e posudos economistas que recebem cifras milionárias para sempre acertarem no alvo? Estão zonzos, assim como o mundo corporativo, à deriva...

A Era Digital trouxe a ininterrupta pulverização da competição e do consumo. Por um lado, deliciosamente, une mil opções em produtos, serviços e preços com mágicas e deslumbrantes soluções para a vida humana: internet é o mundo público, privado e íntimo aos olhos da pessoa onde ela estiver; celulares com multi-desempenhos interativos; rede de fibra óptica em celeridade indescritível; ensino virtual é a aula em qualquer região planetária; o almoço completo num giro do microondas; a casa administrada por aparelhos portáteis; desfile de moda na Europa tem a coleção na vitrine de loja em Ipanema em menos de dois dias; o banco eletrônico é a agência inteira à disposição do usuário; empresa única num mercado pode, em 30 dias, ser cercada por três, quatro concorrentes como se tivessem a mesma tradição; tevês com centenas de canais e telas quase reais; e neste embalo alucinante, se a pessoa não quiser sair do lugar, nem precisa, tem acesso a tudo e tudo chega até ela.
É a era do tudo-pronto, fácil, bonito, gostoso, colorido, plástico, musical. Embevecida, eufórica, a sociedade ainda não atinou para os efeitos colaterais do poder de criação, da genialidade do homem.

Na frenética aceleração e globalização, a tecnologia digital iniciou a invasão das funções de trabalho antes ocupados pelas pessoas. Sem exceção, ela viabiliza que as empresas façam a diminuição drástica de funcionários com enterro de inúmeras especialidades. Máquinas já podem ser acionadas e comandadas pelo som da voz - interessante quando elas, ao invés de simplesmente obedecerem, derem a resposta: “Não faço”. Ao vivo, teremos cenas antecipadas pelo filme 2001: a odisséia no espaço.

A união de duas pontas dão o tom de importância e complexidade à questão:

1. Enquanto nascem as pessoas, surgem as máquinas que vão tirar espaços das pessoas;

2. Fórmula para qualquer empresa ser competitiva com ou sem crise: máximo de tecnologia, mínimo de pessoas e bem treinadas (Em particular no Brasil, recordista mundial de impostos).

As citadas pontas consagram o reinado do desemprego ao lado do príncipe subemprego. Exagero?! Vamos prosseguir através dos acontecimentos.

Em 19 de maio de 1997, o jornal O Globo publicou reportagem que entrará para a história, título: “Greve sai do vocabulário do ABC: Congresso dos Metalúrgicos chega à conclusão de que negociar é melhor do que cruzar os braços”. Embaixo, enorme foto do Presidente da CUT, Vicentinho, tenso pelo “não” dos 120 mil sindicalistas para a greve. Sintomas do desemprego levavam a classe à negociação corpo-a-corpo com os patrões. Em 2000, entrevistado pela revista Forma & Conteúdo, o mesmo Vicentinho fazia discurso totalmente modificado: “Trabalhador tem que saber o máximo que puder, formação profissional é indispensável”. Sindicatos trocavam, então, o objetivo quase único de promover greves políticas para a meta de qualificar e defender o emprego dos associados nas fábricas.

Para melhor embasamento daquelas duas pontas, seguem diversificados fatos, números e ligeiros comentários:

  • Jornal O Globo . Fev. 98:
    “Rio demite quase 70.000 em 97” . “São Paulo: 83.000 postos de trabalho fechados”.
    Postos fechados valem por dois: ninguém entra no lugar do demitido.
  • Jornal do Commercio . Jan. 2000.
    “Brasil : terceiro em desemprego no mundo – 7.700.000 ”. Antes, escondia-se a verdade sobre o tamanho do desemprego.
  • O Globo . Set. 2002.
    “Aumenta procura de emprego por quem já trabalha”. Busca por melhor renda doméstica e maior concorrência com quem precisa de emprego.
  • Jornal Valor Econômico . Set. 2003.
    “Modernização corta assalariados agrícolas para metade dos atuais 4 milhões” . Cai mito de que no campo tem emprego à vontade. Recordes de colheitas e de... automação.
  • Jornal do Commercio . Fev. 2004.
    “Desemprego no Brasil atinge 10.000.000. Trabalho formal em extinção”. Hoje, 65% dos brasileiros no mercado informal: quanto mais informal, menos vagas, menos impostos para geração de investimentos e frentes de trabalho.
  • Valor . Fev. de 2004.
    “Desemprego no Brasil cresce 50% entre mais ricos”. Deixou de ser problema crônico de pobre...
  • Valor . Jan. de 2006.
    “Diplomados com curso superior ocupam 50% dos empregos com qualificação menor”. Estatística sempre ascendente.
  • Jornais O Dia e Valor . Mar. 2006 .
    “Garis: concurso no Rio de Janeiro: 385.124 inscritos para 1.200 vagas”; “Estágios em São Paulo: Rhodia: 27.000 / 27 vagas; Unilever: 15.000 /125”. De extremo ao outro, classe E a A. Preocupante pelo encontro das classes numa vital questão.
  • O Globo . Ago. de 2006.
    “Sem emprego, sem esperança: 2,7 milhões desistem de buscar recolocação”. A autora, Cássia Almeida, havia feito reportagem parecida há quatro anos sobre a maratona dos que tentavam voltar ao trabalho formal, não conseguiam e entravam para a informalidade. Na edição aqui citada, trouxe aquela maratona em estatística.
  • Revista Veja . Mar. 2009 .
    “Em apenas cinco sites de empregos, 7.700.000 currículos cadastrados”.

Agravantes na fermentação do desemprego-subemprego: Fim de especialidades profissionais e etapas de produção; disputam vagas no mercado adolescentes e jovens (executam tarefas de adultos pela facilidade tecnológica), mulheres (de baixa presença pularam para 50% da população economicamente ativa) e aposentados (retornam pela melhor saúde e para aumento da renda). Em paralelo, sexo livre e solto a partir da adolescência (natalidade quando desce nas estatísticas, ironicamente, é de elevada para muito alta).

Na verdade, a melhor pesquisa está à nossa volta: bastam minutos de fria reflexão para se concluir sobre os transtornos das pessoas e famílias com emprego, renda, qualificação e perspectivas. É o motivo para a briga pelo emprego ou manutenção dele. Exatamente pela consciência da selva que é se recolocar no mercado, é que profissionais imploram para evitar demissões: pedidos ao Presidente da República, seqüestros de diretores, ameaças e outras ocorrências divulgadas na mídia.

O subemprego, pouco pior, é ampliado pelos achatamentos de remunerações dos executivos aos catadores de lixo. De 1980 a 2003, o salário mínimo perdeu 50,9% do seu poder de compra. Em 2009, deveria ser R$ 1.600,00. O poder aquisitivo tem a queda ilusoriamente amortecida pela elasticidade olímpica das prestações a prazos intermináveis.

A voracidade da tecnologia digital engole vagas, cargos e habilidades humanas. Cito o diretor de instituto educacional de médio porte que faz integral administração apenas com um software; a máquina de recapeamento asfáltico que arranca, recolhe e joga as placas na carroceria; o músico com aparelhagem que imita conjuntos e orquestras; cada colheitadeira no campo que dispensa 100 trabalhadores rurais; o e-mail que acabou com auxiliares de escritório, assistentes e semelhantes; o aparelho self-service que decretou fim dos garçons e cortou para metade os comerciários; a automação dos postos onde houve intervenção do governo para que fossem mantidos os frentistas – seriam 400.000 na rua; os bancos que enxugaram centenas de empregados para pouquíssimas dezenas... e assim a tecnologia passa por cima sem perdão.

Os tais gurus empresariais ponderam que “a Era Digital abre novas oportunidades ao mesmo tempo em que tira empregos”. É simples, basta fazer a conta de quantos empregos ela retira, quantas funções elimina e, nas tais novas oportunidades, quantos ela gera, mesmo que estejam em setores de maior demanda.

A exclusão está embutida, ela vem junto com o tipo de eficiência da tecnologia digital. Num sarcasmo, além de não exigir pagamento de impostos no fim do mês, a precisa e turbinada tecnologia não chega atrasada, não tem conflitos emocionais, não reivindica reajustes, não tem dissídio, não engravida...

Logo, para conclusão, a semente, tronco e frutos da crise que brotou ontem e multiplicará amanhã, estão na sequência:

1. Competição pulverizada – Competição em quantidade e qualidade encontra mercado sem capacidade humana e financeira para fazer a sustentação de tamanha oferta de produtos e serviços.

2. Condição – Compete quem tem tecnologia.

3. Lá e cá – Com tecnologia, há desemprego e subemprego.

4. Desfecho – Com desemprego e subemprego, não há dinheiro para bancar o volume de competição pulverizada de acordo com as regras e o ciclo do mercado invenção-produção-distribuição-consumo. Daí, o bloqueio, o ciclo não fecha para a recapitalização das empresas e a positiva manutenção dos empregos.

É o motivo para, nos últimos quatro anos, só se escutar: abertura total para crédito e financiamentos (“faz qualquer negócio”), investimentos em públicos C, D e E, em países subdesenvolvidos e terceiro mundo (baixa renda virou moda), e aprofundamento em nichos (aposentados, homossexuais, deficientes físicos etc).

No caso específico do Brasil, o ambiente aqui exposto mantém holofote – repito – holofote no fim do túnel pelo fato de o país não estar pronto. Ao contrário dos desenvolvidos, temos carências em estradas, hospitais, saneamentos, usinas, conjuntos habitacionais, transportes, enfim, há um atacado de obras e serviços para serem feitos por causa da precariedade verde-amarela. No ranking, entre 134 nações, o Brasil está em 78º em infraestrutura. Por outro lado, ostenta 2º lugar no ranking global de preferência dos investidores estrangeiros. Acabam de ser captados e estão disponíveis para aplicação no Brasil em torno de US$ 11 bilhões de fundos de pensão. Na concorrência do primeiro trem-bala, a postos seis grupos estrangeiros.

A nossa miséria é a salvação para a diminuição dos reflexos tecnologia-desemprego-consumo. O país tem dimensão continental, 200.000 milhões de brasileiros para serem seduzidos pelas tentações consumistas via quilométricas prestações.

O povo goza da possibilidade de prevenção ao lado cruel da tecnologia digital. Importante é a consciência de que não adianta lutar contra, está instalada e o homem, historicamente, tem o seu processo de descobertas e conquistas irrefreável, jamais vai tirar o pé do acelerador.

Numa ação emergencial com pinceladas demagógicas, o governo volta a distribuir dinheiro, a tomar medidas para oferta de crédito, desoneração tributária, para combater queda de liquidez em bancos menores, normalizar fluxo cambial etc. Só mesmo um rol de paliativos se, em paralelo, não houver arrojada campanha de planejamento familiar a exemplo das que são efetivadas em relação a aids e fumo. Matematicamente impraticável resolver a complexa questão humana e social da virada do século sem interferir na natalidade. No refluxo das multidões excluídas, no volume de desempregados e subempregados, de qualificados e despreparados, vem aí um tsunami de manifestações e comportamentos violentos de várias espécies, é possível observar ondas em formação. O ser humano de bolso e estômago vazios é idêntico ao animal que vai à caça, faça um teste...

Enquanto providências abrangentes, de fato curativas não são tomadas, empresas e profissionais devem buscar faturamento e segurança num exercício inverso: ao invés de colocar à disposição do mercado as suas competências, devem pesquisar nele as necessidades onde possam colocar as suas competências. Bisbilhotar minuciosamente para então lançar o produto ou buscar emprego e reforçar qualificação, ao contrário do que antes era comum: produzir para o mercado comprar ou apresentar o currículo para o mercado contratar.

Outra medida interessante é o fortalecimento das famílias dentro dos seus negócios. Das empresas de quaisquer ramos e portes, 85% são familiares. Nada mal a consciência entre parentes de que o empenho coletivo vai gerar maior renda doméstica, aumento do patrimônio, garantia para a atual e próximas gerações. Marcar, defender território é solução épica e vitoriosa – um por todos, todos por um. Bem, desde que coloquem a família para trabalhar para a empresa, e não, a empresa para a família...

Em família ou não, tome atitude, você está num país ainda defasado. Um olho nas oportunidades e outro na tecnologia. Sucesso!

 

José Renato de Miranda é Diretor da Consultoria de Impacto Gestão & Marketing Ltda, consultor do Sebrae, Fecomércio e CDL, autor do livro “Gestão & Marketing: agressiva solução para levar a sua empresa ao lucro”, 3ª edição.