Treinamento ou Educação Corporativa
© 2005 Bruno Malheiros - Rio de Janeiro (RJ)

 


Percebe-se hoje uma certa indecisão na escolha do termo correto: Treinamento ou Educação corporativa?  Pode parecer, aos desapercebidos, uma mera questão de nomenclatura e, desta forma, deixemos à estética de nossos ouvidos a escolha.  Não encaro desta forma. Muito mais do que um mero nome, a escolha de um dos dois termos reflete diretamente a sua forma de encarar o desenvolvimento pessoal na organização.   Ouso afirmar que reflete um posição política frente às necessidades corporativas.  Com isso, entendo que diferenciar estes conceitos e, de posse deste conhecimento, optar pelo que melhor se encaixa às suas convicções é essencial para o exercício de uma prática livre de ingenuidades e cada vez mais profissional.

Identificamos no dicionário várias definições para o termo treinamento.  O que mais se aproxima do exercício praticado nas empresas é "adestrar".  Treinar nada mais é do que submeter o treinando (vítima do processo?) ao conhecimento de determinado assunto e repetição contínua de uma tarefa para que, ao final, este seja capaz de executar, com uma mínima margem de erro a ação para a qual ele foi adestrado.  Voltamos aqui ao modelo de treinamento tecnicista, onde o centro do processo é o conteúdo focado na ação e o treinando, sujeito desta.

Ao falar em Educação corporativa, extrapolamos os muros das salas de treinamento e as visões limitidas de capacitação.  Educação, como serne do processo de desenvolvimento pessoal na organização traz consigo a construção de novas perspectivas para os colaboradores e, consequentemente, para a empresa.  Entende-se desta forma educação corporativa como um processo estruturado de formação continuada com vistas à formação profissional.  Neste sentido, não basta "ensinar" a fazer.  É preciso ensinar a pensar, fazendo com que cada um entenda seu papel dentro da dinâmica que mantém a organização no mercado. É o desenvolminto corporativo atrelado ao desenvolvimento pessoal.

Ambos os conceitos traduzem em sua forma de existir uma visão de mundo que, analisada cuidadosamente, reflete uma posição política e social.  Mais do que direcionar sua forma de atuação dentro das organizações, os profissionais de treinamento / educação corporativa devem estar cientes que contribuem (ou não) para a perpetuação do modelo de sociedade no qual estão inseridos.  É a micro contribuição do profissional para a manutenção da macro estrutura econômica e de mercado.

Compreendidos estes conceitos, pode-se alegar que, embora a definição de educação corporativa apresente-se melhor a nossos olhos, não podemos, frente às necessidades trazidadas por um mercado cada vez mais competitivo e dinâmico, descartar as ações de treinamento.  Alegação esta extremamente plausível.  É de extrema importância esclarecer que não existe um "modelo correto" de ação de desenvolvimento organizacional.  É preciso que cada profissional da área, com entendimento correto das diversas formas de encarar estas ações, entenda as necessidades da empresa em que trabalha e esolha a que melhor se aplica a sua realidade.  Basta não perder de vista todas as vertentes a serem analisadas. Assim conseguiremos o que é melhor para a organização, para o funcionário, para o mundo como um todo. 


 

Bruno Taranto Malheiros ([email protected]) é Analista de Treinamento da Telemar – RJ - Pedagogo com MBA em Gestão de RH, Experiência em Gestão de até 200 pessoas, atuando na área de treinamento de todas as centrais de televendas e retenção da Telemar (cerca de 4000 pessoas). Possui trabalhos acadêmicos nas áreas de Educação à Distância e Treinamentos Comportamentais.

 

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