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Balão de Gás

© 2005 Vinícius Ribeiro - Rio de Janeiro (RJ)

Era um Domingo, pessoas caminhavam normalmente em um shopping, local onde, nos tempos atuais, as famílias levam seus filhos para passear por ser mais seguro, quando, de repente, se escuta um forte estampido, BUM!!!!! Um balão de gás estourou na mão de uma criança que olhou para o seu irmãozinho. A maioria das pessoas, principalmente os adultos, fez cara de espanto, alguns com medo, outros com curiosidade, outros nem aí. Alguns velhinhos até se seguraram e a mão na boca para a dentadura não cair. O fato, é que o ruído repercutiu em cada um de maneira diferente.


É interessante como um som forte pode soar de uma forma distinta para cada pessoa. Para os que têm medo de violência, o susto não justifica, se estão em um shopping para passear tranqüilamente, não deveriam se espantar tanto e mesmo que tenham medo de uma explosão, o som não era para tanto. Para os que não estão nem aí e nem ligam, esses parecem ser bastante alienados e nem um barulho mais intenso parece tirar-lhes de seus mundos internos.

Nesse ponto se cruzam várias incoerências, muita gente quer uma total segurança, mas local totalmente seguro não existe, nem nos shoppings nem em nossos refúgios pessoais. Para aqueles que se defendem mais ainda, se alienar também não é a solução, pois de alguma maneira sempre seremos atingidos, mesmo nos alienando, por estampidos, fatos , ou emoções que a própria vida proporciona. Então, alguém, por mais que pareça totalmente seguro, ou totalmente alienado, não é. Todos têm ¨impurezas¨ dentro de suas purezas . Ninguém é totalmente louco, nem ninguém é totalmente são. Essa discussão é extremamente atual, hoje, mais do que nunca , tenta-se rotular comportamentos, formas , seguras de agir e pensar, havendo um intenso e angustiante controle do ser humano sobre ele mesmo.

Os locais seguros são constantemente procurados, sejam para a diversão ou para o comportamento e emoções. O fato é que deveria se buscar um ¨conforto afetivo¨ ao invés da perigosa palavra segurança, e para achá-lo há que se estar aberto para os nuances e detalhes da vida. Para dar uma prova disso, alguém se lembra como começou o texto? Ou de onde veio o forte estampido? A maioria não deve se lembrar, se lembra, ótimo, está atenta àqueles pequenos detalhes que podem ser imensamente valiosos. Aos que não se lembram, podemos nos relembrar que um balão de gás estourou na mão de uma criança que olhou para o seu irmãozinho. Para completar a história, que ficou pela metade no inicio do texto, um irmão olhou para o outro, os dois ficaram calados e se entreolharam como se não soubessem que um balão de gás, além de flutuar, fazia aquele som. Por dez segundos ficaram calados, surpresos e aí começaram a rir da maneira mais gostosa do mundo. E teve muita gente que não viu isso...

 
Vinícius Ribeiro ([email protected]) é Psicólogo. Conjuga suas atividades clínicas com atuação no ambiente empresarial. É o responsável por seleção de pessoal e monitoramento do Clima Organizacional da PINAMAK.

Ilustração: Olavo Parpinelli ([email protected])